Entidades empresariais do Alerta Pará repudiam reportagem do Fantástico

O Instituto Alerta Pará divulgou nota sobre a reportagem“Falta d’água em cidades tem a ver com devastação desenfreada da Amazônia”, exibida no programa Fantástico, em 31/08/214. Segundo o presidente Carlos Fernandes Xavier, tal declaração requer “o debate e a investigação séria das razões desse flagelo”. Xavier diz que não é justo que se utilize da falácia de imputar um suposto “desmatamento” da Amazônia como causa primária e última da falta d´água nas torneiras paulistas.

“As bases sulistas da Rede Globo não lhe conferem autoridade para atribuir a nós, da Amazônia, as culpas pelo que representa a consequência da própria história de uma região que não soube preservar o seu território e destruiu a Mata Atlântica desde que os colonizadores lusos aqui aportaram. Construíram o seu progresso e o avançadíssimo nível socioeconômico, cultural e tecnológico de que desfrutam à base de uma exploração sem nenhum controle. A poluição que enfrenta é fruto, talvez, de uma temerária gestão dos seus recursos naturais que, atualmente, lhe apresenta a fatura”, destaca em nota oficial.

“Nossa região, em especial o Pará, é responsável, no momento, pelo abastecimento de energia elétrica para a nação brasileira, sem que recebamos a merecida e honesta retribuição (sofrendo grande parte de nossos municípios com a carência desse fornecimento que é levado a outros rincões deste imenso Brasil). Não somos culpados pelo fenômeno das grandes concentrações urbanas e muito menos pelo crescimento descontrolado de megalópoles como São Paulo, que estão com demandas sempre maiores de recursos de toda a ordem”, ressalta o comunicado.

“Possuímos projetos de extraordinária relevância para o Brasil e o mundo – como é o caso do PROJETO PRESERVAR – com a premissa do DESMATAMENTO ZERO, prevendo a reversão de 11 milhões de hectares da pecuária para a agricultura e investindo fortemente no pastejo rotacionado intensivo, aproveitando-se exclusivamente os 24% de nosso território já antropizado (o Pará tem 76% de sua área inteiramente preservada). Essa matéria, contudo, não é de interesse para o FANTÁSTICO, que considera mais comodo atribuir a outrem a culpa que está bem debaixo do seu nariz”, finaliza a nota da instituição que reúne as entidades empresariais do estado do Pará.

Confira a nota na íntegra.

É FÁCIL POR A CULPA NOS OUTROS E ESCONDER A NOSSA…

O bom jornalismo sempre será aquele praticado, não com “isenção de ânimos” mas, dentro dos enfoques investigativo e informativo, comprometido com as verdades dos fatos levados ao conhecimento público. A responsabilidade da divulgação, em âmbito nacional, de matérias relevantes para a sociedade, torna-se maior na proporção da credibilidade do programa que a veicula.

Há patamares éticos que precisam ser ponderados quando se aborda temas que possuem ampla repercussão e buscam encontrar “culpados” por problemas que, eventuais ou não, previsíveis ou inesperados, afetam o comportamento social e geram junto à população sentimentos altamente negativos.

Louve-se a preocupação jornalística do programa “FANTÁSTICO”, há décadas um dos mais importantes da grade da Rede Globo de Televisão, exibido no último domingo, dia 31 de agosto, focalizando a seca que castiga a Região Sudeste do Brasil e traz o consequente desabastecimento de água para a nossa maior metrópole, a cidade de São Paulo.

É importante o debate e a investigação séria das razões desse flagelo. Não é justo, porém, que se utilize da falácia de imputar um suposto “desmatamento” da Amazônia como causa primária e última da falta d´água nas torneiras paulistas. As bases sulistas da Rede Globo não lhe conferem autoridade para atribuir a nós, da Amazônia, as culpas pelo que representa a consequência da própria história de uma região que não soube preservar o seu território e destruiu a Mata Atlântica desde que os colonizadores lusos aqui aportaram. Construíram o seu progresso e o avançadíssimo nível socioeconômico, cultural e tecnológico de que desfrutam à base de uma exploração sem nenhum controle. A poluição que enfrenta é fruto, talvez, de uma temerária gestão dos seus recursos naturais que, atualmente, lhe apresenta a fatura.

Nossa região, em especial o Pará, é responsável, no momento, pelo abastecimento de energia elétrica para a nação brasileira, sem que recebamos a merecida e honesta retribuição (sofrendo grande parte de nossos municípios com a carência desse fornecimento que é levado a outros rincões deste imenso Brasil). Não somos culpados pelo fenômeno das grandes concentrações urbanas e muito menos pelo crescimento descontrolado de megalópoles como São Paulo, que estão com demandas sempre maiores de recursos de toda a ordem.

Não nos cansamos de denunciar que existem interesses escusos, travestidos de falso ambientalismo que é despido de qualquer fundamentação científica confiável, sempre interessados em se sobrepor ao desenvolvimento da Amazônia e travar suas possibilidades de crescimento e integração. Ora se afirma que as regiões Sul e Sudeste verão elevados tanto o índice das chuvas como o volume dos seus cursos d´água, na contramão da bacia hidrográfica amazônica (com vaticínios de seca em menos de 50 anos), ora se proclama que a seca transformada em flagelo no setentrião brasileiro tem um único culpado: o desmatamento na Amazônia.

Reafirmamos que há um indisfarçável interesse, no contexto da economia mundial, ao qual se agregam, por inocência ou má-fé mesmo, alguns setores de nossa grande imprensa, dos países mais ricos em deter o avanço mais célere das nações em franco desenvolvimento, como é o caso do Brasil, forçando a adoção de métodos de produção mais caros. É preciso que tenhamos a compreensão exata de que ninguém vai nos alimentar gratuitamente! E a nossa vocação natural, na Amazônia, está centrada na produção de alimentos para os seus 20 milhões de habitantes e, ainda, para o resto do Brasil e do planeta.

A eventual manutenção da floresta intacta – tese da qual não nos afastamos e somos ferrenhos defensores – estará a exigir do resto do Brasil uma compensação. Quanto nos pagarão por mantermos a preservação da Amazônia? Quais as condições que a nação dará aos milhões de brasileiros que aqui vivem e reclamam por melhores condições de saúde, educação, tecnologia, cultura e inserção social?

Possuímos projetos de extraordinária relevância para o Brasil e o mundo – como é o caso do PROJETO PRESERVAR – com a premissa do DESMATAMENTO ZERO, prevendo a reversão de 11 milhões de hectares da pecuária para a agricultura e investindo fortemente no pastejo rotacionado intensivo, aproveitando-se exclusivamente os 24% de nosso território já antropizado (o Pará tem 76% de sua área inteiramente preservada). Essa matéria, contudo, não é de interesse para o FANTÁSTICO, que considera mais comodo atribuir a outrem a culpa que está bem debaixo do seu nariz.

Belém (Pa), 1º de setembro de 2014

CARLOS FERNANDES XAVIER

Presidente do Alerta Pará e da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará

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