Estudo mostra alta de COVID-19 em cidades do interior que têm frigoríficos

Situação é mais grave no Rio Grande do Sul, onde quase 5 mil trabalhadores de frigoríficos foram diagnosticados com o novo coronavírus

Considerado serviço essencial, o setor de carnes não parou as atividades em meio às medidas de segurança impostas devido à pandemia do novo coronavírus e costuma ter aglomeração de pessoas na linha de produção. Com isso, a preocupação de que a COVID-19 possa se espalhar entre esses profissionais está se tornando realidade.

Um grupo de pesquisadores brasileiros está elaborando um estudo, a partir de dados públicos dos ministérios da Saúde e da Economia, com o cruzamento das confirmações de casos de pessoas com o novo coronavírus que estão empregadas em frigoríficos, para mostrar que esses locais têm sido decisivos para a propagação da doença no interior do país.
Segundo o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e doutorando em Geografia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFJR), Ernesto Pereira Galindo, as cidades com maior número de trabalhadores do setor concentram as contaminações fora das grandes capitais. Para ele, “não é nada contra o setor em si, mas ele reúne características que são ideiais para a disseminação do vírus”.
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O rápido aumento na quantidade de infecções pela COVID-19 preocupa as autoridades de saúde de todos os estados brasileiros, já que a própria estrutura operacional dos frigoríficos favorece a disseminação.

Entre essas características, estão as baixas temperaturas em ambientes fechados, inferiores a 5ºC, e a grande concentração de pessoas no local, inclusive no transporte entre trabalho e casa, não respeitando o distanciamento social mínimo seguro.

De acordo com o médico epidemiologista Dirceu Greco, outro ponto de importante destaque é que a exposição a baixas temperaturas podem causar outras infecções viróticas, o que pode ser mais um complicador para a COVID-19.

Além disso, o uso incorreto dos equipamentos de proteção individual (EPI) colabora para essa contaminação.

“Não estou dizendo que elas (outras infecções viróticas) têm relações diretas com a COVID-19, mas causam sintomas respiratórios e isso aumenta as secreções, espirros e tosses. O frio também pode deixar a máscara de proteção úmida, e isso faz com que a pessoa leve a mão até o rosto, podendo, assim, se contaminar”, afirmou.
Para o autor do estudo, as conclusões ainda são preliminares, mas já indicam forte correlação entre a localização geográfica dos frigoríficos e as contaminações. “O impacto dos frigoríficos é extremamente relevante na interiorização dos casos em regiões que possuem essa atividade bem desenvolvida, principalmente no Centro-Sul do país”.

COVID-19 em frigoríficos do país

A continuidade da produção de alimentos do ramo foi um pedido do Ministério da Agricultura ao governo para que o abastecimento do país não fosse comprometido, assim como as exportações do setor, que trazem bilhões de dólares para o Brasil.

As exportações do segmento cresceram 17,5% nos quatro primeiros meses de 2020 na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados da pasta.

No início de maio, o Ministério Público do Trabalho (MPT) começou a avaliar 61 unidades de processamento de bovinos, aves e suínos em 11 estados brasileiros, para analisar as condições de trabalho durante a pandemia. Em pelo menos 17 desses locais houve funcionários com teste positivo para o vírus àquela altura.
O número de frigoríficos inspecionados na ocasião pelos procuradores foi equivalente a 13,7% dos 446 existentes no país, de acordo com o Ministério da Agricultura.
Ainda segundo as investigações do MPT, não é possível afirmar se essas pessoas contraíram a doença dentro das empresas.

Região Sul

Segundo o levantamento mais recente, a situação mais grave de contaminação é no Rio Grande do Sul. O estado atingiu, nessa quarta-feira (24), o número de 32 frigoríficos com trabalhadores infectados pelo vírus, de acordo com o MPT. As unidades se localizam em 23 municípios gaúchos.
Até agora, 4.957 trabalhadores do setor foram diagnosticados com COVID-19, o equivalente a 25,14% do total de infectados no estado, além de cinco mortes.

O MPT estima que a quantidade de funcionários infectados corresponde a 7,62% do total de trabalhadores de todos os frigoríficos gaúchos (65 mil).

Em Chapecó, cidade da Região Oeste de Santa Catarina, 1.634 trabalhadores de unidades frigoríficas foram infectados pelo vírus até essa terça-feira (23), sendo 11,4% do número total de empregados no setor (14.310) – 8,5% do total de pacientes com a doença no estado.
Na avaliação do infectologista Dirceu Greco, ainda assim “não é possível afirmar que os estados da Região Sul estejam mais propensos a apresentar casos de coronavírus nos frigoríficos, pois todos os estados estão sujeitos a esse problema se não forem respeitadas as medidas de segurança, tanto de distanciamento social, quanto de proteção individual”.

O que é o coronavírus

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é ‘liberou geral’; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Por: Luiz Henrique Campos*

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