Doraci Borralho, de 71 anos, cultiva flores e plantas ornamentais para a venda em sua propriedade de três hectares, na comunidade de Murinim, em Benevides, há mais de 20 anos. Ela começou o negócio com o marido, que era agricultor, mas depois da morte dele, em 2003, levou adiante sozinha o trabalho. Hoje, dona Doraci mora com a família do seu neto, mas está longe de ser a vovó dependente graças ao sucesso do seu negócio. Com a atividade da floricultura artesanal, ela obtém uma receita mensal de dois salários mínimos e é fundamental na renda familiar. Pioneira na venda de flores em grande escala no município de Benevides, ela aponta o segredo da prosperidade do seu negócio: o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater). “Os cursos da Emater foram muito importantes pra mim. Através deles, aprendi tudo sobre as doenças das plantas e com isso, a minha produção só fez aumentar. Antes, eu e meu marido não tínhamos quem nos ensinar. A gente tinha que se virar sozinho. Agora não, aprendo cada vez mais”, comemorou.
Dona Doraci faz parte de uma das 30 famílias assistidas pela Emater, que fazem de Benevides o maior produtor de flores do Pará. A produção por ano do município gira em torno de 300 mil hastes de flores tropicais de corte, 280 mil unidades de plantas envasadas e 100 mil unidades de flores temperadas (sorriso de Maria, angélica e celósia).
Desde 2011, a Emater abraçou de forma efetiva o incentivo à produção de flores, tanto em Benevides, como em outros municípios da região metropolitana de Belém e também Santarém. “Nossa ajuda se dá principalmente através da organização da produção e dos cursos de capacitação que oferecemos aos produtores. A meta agora é criar novos canais de comercialização, além das feiras como a ExpoflorBen, que acontece todo primeiro final de semana de maio”, disse Soraia Araújo, engenheira agrônoma da Emater. Além da realização dos cursos de capacitação, a Empresa atua também com adoção de tecnologias e concessão de créditos rurais.
Benevides tem condições que ajudaram a transformar o município no principal pólo de flores do estado. Além do acesso rápido à capital paraense, o solo do município é propício à agricultura e à produção de adubo orgânico, essencial para a produção, tanto das flores tropicais, quanto das temperadas.
O que chama atenção é que quem está à frente de 20 das 30 famílias que vivem da produção de flores em Benevides são as mulheres. “Muitas mulheres procuraram esse meio para conseguir a independência financeira. A gente se sente muito feliz em estar ajudando essas donas de casa a produzirem as flores e assim, ganhar dinheiro e sair das asas do marido”, contou Leíde Iracema, presidente da Associação Florben, dos produtores de flores de Benevides. Além dos cursos de capacitação na área da agricultura e manejo de flores, a Emater oferece cursos de corte e costura e artesanato, que ajudam a criar uma alternativa de renda.
Para 2016, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará planeja estimular a produção de orquídeas e principalmente rosas, em Benevides. A maior procura dos compradores é por essas flores, que precisam de condições climáticas especiais para serem produzidas. Atualmente, todas as rosas que são comercializadas no Pará vêm de fora, assim como a maioria das orquídeas. Com a compra de mudas e a produção de estufas, a Emater quer começar a mudar esse quadro. E é justamente esse o sonho de dona Doraci. Com o dinheiro que vem guardando e o apoio decisivo da Emater, ela quer se tornar a primeira produtora de rosas do Estado. “Fui pioneira na produção de flores. Agora quero ser a primeira a produzir rosas”, finalizou.
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