Preço da carne muda de patamar, sem perspectivas de volta

Preço da carne muda de patamar, sem perspectivas de volta
Preço da carne muda de patamar, sem perspectivas de volta

Custos de soja e de milho dão às carnes de frango e de suíno novo padrão no mercado interno

No final do ano passado, a indústria de carne bovina avisou que a proteína tinha mudado de patamar, e que os preços do mercado interno, e consequentemente os do churrasco, subiriam. Foi o que ocorreu.

Agora, é a vez de o setor de carnes de frango e de suínos avisar que também os complementos do churrasco vão ficar mais caros. Pode ser uma alta sem volta.

Até então, as carnes sofreram forte pressão das exportações, principalmente devido à boa oferta brasileira e ao dólar elevado, o que torna o produto mais atrativo no mercado internacional.

Agora, os efeitos da alta começam a ser também internos. De janeiro a novembro, a saca de milho subiu 123%, e a da soja, 100%, conforme informações da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Segundo a Embrapa, os custos na produção de carne de frango aumentaram 36% neste ano. No mesmo período, os gastos para os suinocultores foram 41% maiores.

Esse aumento de custo na produção, que deverá continuar devido à competição entre as demandas interna e externa pelas principais commodities utilizadas na fabricação de ração, forçará uma elevação no valor das proteínas para os consumidores. E, consequentemente, afetará a inflação.

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, diz que os custos dessas matérias-primas representam 70% dos gastos do setor na produção de carnes. Para ele, os preços não vão continuar tão especulativos como estão, mas se manterão mais elevados.

Essa disparada de preços das matérias-primas pegou, mais uma vez, as empresas despreparadas. Santin diz que elas estão dispostas a fazer mais compras no mercado futuro para garantir produto e equilibrar preços.

Além disso, a associação quer, junto com produtores e com a Embrapa, incentivar mais a oferta de cereais na região Sul, elevando a produção de milho, de triticale, de sorgo e de milheto.

Os aumentos atuais no preço das carnes não são apenas uma questão de demanda de fim de ano, mas estruturais, devido à elevação dos custos.

A alta dos preços da carne bovina também força uma troca dessa proteína por frango e suíno, dando ainda mais suporte às duas últimas.

Neste ano, o consumo de carne de frango está sendo de 45 quilos por pessoa, podendo subir para 47 no próximo. Já o de carne suína deverá sair dos 15,3 quilos atuais para 15,6 em 2021, segundo estimativas da ABPA.

O mercado externo foi importante para o setor de proteínas neste ano. As exportações de carne suína vão superar, pela primeira vez, a marca de 1 milhão de toneladas, podendo superar em 37% as de 2019. No ano que vem, será 1,1 milhão.

As exportações de carne de frango deverão ter comportamento mais moderado do que as de suínos. Pelas previsões da ABPA, as vendas externas somarão até 4,23 milhões de toneladas neste ano, com aumento de 0,5%. Em 2021, o volume poderá atingir 4,35 milhões.

As vendas externas de carne bovina de 2020 já somam 1,9 milhão de toneladas até novembro. Esse volume supera em 9% o de igual período do ano passado, segundo a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos).

Em um ano complicado e de superação, como diz Santin, o consumo de ovos se destacou, com crescimento de 10%, considerando-se os dados de consumo per capita da associação. A evolução no setor de carne de frango foi de 5%, enquanto não houve alteração na de suínos.

O Brasil deverá terminar o ano com produção de 54 bilhões de ovos, 13,8 milhões de toneladas de carne de frango e outros 4,3 milhões de carne suína.

Um dos desafios para o setor de proteínas em 2021 será a continuidade ou não do auxílio emergencial, que deu suporte às vendas neste ano.

O presidente da ABPA acredita que, mesmo com uma queda nessa ajuda emergencial, o consumidor vai reagir, graças a uma melhora na economia (Folha de S.Paulo, 10/12/20)

Fonte: Brasilagro

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