Produtores de aves e suínos estão operando no vermelho com alta do preço da ração – Canal do Produtor

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O movimento é impulsionado pela safra menor no país e o forte crescimento das exportações. Em alguns municípios, o preço chega a R$ 55. Além de caro, o grão passou a ser escasso. A esperança de algum alívio vem pelo início da colheita da safrinha em Estados como o Paraná e Mato Grosso.
— A situação está crítica. Para os produtores independentes (que não são integrados à nenhuma empresa ou cooperativa), o quilo de comercialização do suíno na granja está em torno de R$ 3,70 e o custo de produção chega a R$ 4,20. Isto deixa o produtor no vermelho—diz o presidente da Associação dos Criadoresdo Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, acrescentando que o preço pago pelos animais caiu de um ano para cá.
O diretor-executivo do Sindicato de Produtos Suínos do Estado (Sips), Rogério Kerber, avalia que as empresas trabalham com um prejuízo de até 15% por cabeça. Para diminuir perdas, a ordem é abater animais com peso menor. Assim, por exemplo, passam menos tempo nas propriedades se alimentando.
—Os alojamentos devem ter alguma redução do mês de agosto em diante. A expectativa é de que, no quarto trimestre, já se experimente queda da oferta para abate—diz Kerber, lembrando que, devido ao ciclo de produção, não é possível diminuir agora o ritmo dos abatedouros.
Com o descompasso entre os custos e o que é possível repassar ao mercado, há relatos de integradoras atrasando pagamento a criadores.
Mais rápida em relação ao período de produção dos suínos, a avicultura sente de forma mais drástica a crise. O alojamento de pintos teve um corte de 5% em março e mais 5% em maio, quando o ritmo de abates começou a cair. A BRF anunciou paralisação temporária da unidade de Lajeado na segunda quinzena de julho e fechou uma planta em Jataí (GO). Em Passo Fundo, a Minuano encerrou as atividades e demitiu 300 funcionários após o fim de um contrato com a JBS. Em Morro Redondo, a Cosulati fechou as portas e fez 180 desligamentos. No Estado, são cerca de 10 mil criadores de aves. A atividade gera cerca de 60 mil empregos, entre diretos e indiretos.
A margem negativa das indústrias de frangos, com prejuízo desde o início do ano, está na média entre 8% e 10%, estima Nestor Freiberger, presidente da Associação de Avicultura do Estado (Asgav).
—Se o cenário não mudar, há grandes chances de termos mais notícias ruins—alerta Freiberger.
O assessor de política agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) Marcio Roberto Langer avalia como um fracasso a estratégia para manter o abastecimento interno de milho, cultura que vem perdendo área para a soja e teve o quadro agravado pela aceleração das exportações a partir de 2015, aliado à quebra na produção por problemas climáticos em outras regiões do país.
—Temos desabastecimento de milho e preços nas nuvens. O valor mínimo fixado pelo governo federal é de R$ 17, a cotação a balcão chega a R$ 53. Isso mostra essa total desorganização—afirma.
Langer ressalta ainda que o cenário ideal seria de equilíbrio entre a rentabilidade do setor de carne e de grãos, sem que um lucre e traga dificuldades ao outro, ao mesmo tempo. A situação, diz o assessor, é preocupante também para os criadores totalmente integrados, que recebem os insumos das empresas para quem depois repassam os animais, sem adquirir ração. A redução do nível de abate também se traduz em menor remuneração para os produtores.
Redução do plantel para fazer caixa
Herdeiros de uma atividade iniciada pelo bisavô, os suinocultores Eleandro e Elcio Roso, de Casca, na região do Planalto Médio, tiveram de apelar para a redução do plantel para enfrentar a crise que garantem ser a maior que já enfrentaram. Em março, eram 7 mil animais. Hoje são cerca de 5 mil. Com a venda de parte do rebanho, fizeram caixa para comprar milho para alimentar os animais pelos próximos meses, à espera de um arrefecimento no quadro que o fazem trabalhar com prejuízo desde fevereiro.
Ao mesmo tempo, diminuiu o peso dos animais vendidos para abate. Dos 130 quilos, baixou para 90 quilos, estratégia que também faz cada animal necessitar de menos ração até ser entregue para a indústria – portanto, com um prejuízo menor. O ritmo de comercialização normal, de 1,3 mil cabeças por mês, subiu para até 1,8 mil.
—O custo de produção está em R$ 4,20 o quilo e agora (semana passada) vendi por R$ 3,50—exemplifica Eleandro.
Por serem produtores independentes, são eles que arcam com os custos da aquisição de milho e farelo de soja para fazer ração, que produzem em uma fábrica própria na propriedade. Uma das alternativas para driblar a escassez de milho nas últimas semanas, também utilizada por outros criadores e indústrias, foi adquirir trigo para elaborar a alimentação dos suínos. A expectativa de Eleandro Roso é que o início da colheita da safrinha em outros Estados diminua a pressão sobre os preços do milho.
O caixa que fizeram com a venda dos animais, estima Eleandro, permite manter a propriedade pelos próximos três meses. Se o quadro desfavorável se mantiver depois, ainda não sabem o que irão fazer. Mas provavelmente terão de recorrer a um enxugamento ainda maior do plantel—que já é o mais baixo dos últimos 8anos.
—Quero preservar as matrizes, para quando o mercado reagir—ressaltaEleandro.
Rio grande do Sul tem cerca de 7 mil suinocultores
Conforme a Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), o Estado conta hoje com cerca de 7 mil suinocultores. Em torno de 10% são independentes e outros 25% são integrados mas não verticalizados, ou seja, apesar de vínculo com empresas ou cooperativas, precisam adquirir a alimentação para os animais por conta própria. O restante são de produtores integrados verticalizados, que recebem os repasses de insumos da indústria.
A crise, teme o presidente da entidade, Valdecir Folador, pode alijar da atividade pequenos e médios criadores por problemas de escala, além de levar a uma redução no número de matrizes, com reflexo em produção menor em um futuro não muito distante.
Colheita de milho cai, exportação dispara

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Fonte de esperança do setor de carnes para estabilizar o preço do milho, a safrinha brasileira – que na verdade se tornou maior do que a primeira safra – deve chegar a 50 milhões de toneladas este ano, 8,5% abaixo do ano passado, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A redução é atribuída a fatores climáticos. Além da falta de chuva no Centro-Oeste, geadas no mês passado em algumas regiões do Paraná ajudaram a frustrar a colheita.
A estiagem, no verão, já tinha prejudicado a primeira safra, calculada pela Conab em 26,2 milhões de toneladas, ante 30 milhões de toneladas ano passado. Com isso, a soma da colheita em 2016 deve ser 8,4 milhões de toneladas inferior ao ano passado.
À menor oferta se soma o crescimento da exportação. De janeiro a maio, o país embarcou para o Exterior 12,2 milhões de toneladas, 140% a mais ante o período de equivalente de 2015. No ano passado, a venda para fora do país já chegou a 28,9 milhões de toneladas, um avanço de 40,2% sobre 2014.