Setor pet brasileiro já é o terceiro maior do mundo

Cães e gatos e outros bichos de estimação fazem bem à saúde de seus tutores e da economia brasileira. Maior do que a linha branca da indústria de fogões e geladeiras, o setor Pet hoje representa 0,38% do produto interno bruto (PIB). Em 2017, o faturamento atingiu R$ 20,37 bilhões, com aumento de 4,95% em relação ao ano anterior.

Mais de 132 milhões de animais de estimação convivem com seres humanos em todo o Brasil, segundo dados do IBGE. A taxa está próxima de um animal para duas pessoas. Nos lares, sítios e fazendas existem 52 milhões de cães, 38 milhões de aves, 22 milhões de felinos e 18 milhões de peixes.

A população mundial é de 1,56 bilhão.  Em primeiro lugar, a China (289 milhões), depois Estados Unidos (226 milhões), e a seguir o Reino Unido (146 milhões). O Brasil está em 4º lugar.

Para alimentar e cuidar da fauna doméstica brasileira, a cadeia de produção e serviços do setor Pet abrange os segmentos de Pet Food (alimentos para animais de estimação), Pet Vet (produtos veterinários), Pet Care (equipamentos, acessórios, produtos de higiene e beleza animal) e Pet Serv (serviços).

Nos últimos anos, o segmento Pet Food liderou o faturamento do setor com 68,6% do mercado. Pet Serv é o segundo (15,8%), seguido de Pet Care (7,9%) e Pet Vet (7,7%).

Economia Pet

No mercado mundial de Pet Food, os Estados Unidos lideram (42,2%), seguido pelo Reino Unido (5,8%). O Brasil é o terceiro maior com 5,14%. A produção brasileira de 2,66 milhões de toneladas é direcionada para atender ao mercado interno, mas o valor de exportação aumenta a cada ano. Em 2017 atingiu US$ 210,1 milhões.

Quanto mais cresce o setor Pet, mais ganha o agronegócio. Na composição de produtos para nutrição animal, 95% originam-se da agropecuária com milho, soja, arroz, trigo e carnes de aves, bovinos peixes.

“Diria que os pets fazem bem para a economia brasileira e para seus tutores”, afirma o engenheiro agrônomo José Edson Galvão de França, presidente da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) e da Câmara Setorial de Animais de Estimação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Os animais estão hoje dentro das casas, das fazendas, ocupando o meio urbano e o meio rural, levando mais qualidade de vida para as pessoas”.

As famílias e seus animais de estimação movimentam as finanças de 33,1 mil pet shops e 80 mil pontos de vendas.

“Os números do setor Pet impressionam”, confirma José de França. “Estamos falando de 670 mil fatores econômicos que geram mais de 700 mil empregos.”

A elevação de status do bicho de estimação no ambiente familiar alavancou o crescimento do mercado mundial e do brasileiro. Os tutores reduzem os investimentos, mas não cortam gastos com o pet, mesmo em tempos de crise. O pet hoje é um membro da família.

Novo perfil de consumo

Se o setor demonstra a sua força, o perfil do consumidor brasileiro mudou nos últimos dois anos. Ele agora está comprando produtos mais baratos.

“O brasileiro não deixa de comprar”, explica José de França. “Como o pet faz parte da família, suas necessidades básicas são incluídas no orçamento doméstico, mas o aumento de volume de negócios, ao longo de 2017, em torno de 3%, foi influenciado por produtos mais baratos.

José de França constatou ser um equívoco pensar que a criação de animais de animais de estimação é um hábito das classes de alta renda.

“Percebemos que quase 60% do faturamento do setor está nas classes C e D, e não como a maioria entende de que está na A e B. É bem sabido a questão do desemprego nos últimos anos, mas os proprietários dão prioridade ao animal. As rações pet representam 70% do faturamento do mercado pet brasileiro. Ou seja, o alimento é prioridade para o animal de estimação.”

A queda na renda e o aumento do desemprego alteraram profundamente os hábitos de consumo das famílias, mas o animal de estimação não perde status em períodos de crise.

“Quem comprava alimento para seu pet, não parou de comprar”, explica José de França. “As rações pet abrangem desde produtos básicos até aqueles com mais tecnologia agregada, mas todos os alimentos, de alguma forma, fornecem o mínimo que animal precisa. Nos dois últimos anos percebeu-se que houve a opção pelos produtos básicos e isso puxou toda a cadeia produtiva. As consultas ao veterinário, os banhos e tosa diminuíram bastante. A prioridade voltou-se então para a alimentação de sustentação: oferecer o mínimo possível com o menor preço possível. Essa é a principal razão da escolha por produtos mais baratos.”

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Alimentação humana versus ração

Se a maior parcela da economia Pet é de alimentação, José de França rebate a ideia de que o animal de estimação está ocupando o lugar dos seres humanos. Cinco milhões de toneladas anuais de alimentos destinados para o lixo são aproveitados na fabricação de ração. A indústria de Pet Food utiliza a farinha de trigo, o milho e o arroz quebrados, sem haver perda dos níveis adequados de proteínas, vitaminas e minerais.

“O importante papel da indústria de Pet Food é justamente o aproveitamento desse tipo de matéria prima, desprezado pelo consumidor apenas pelo seu aspecto visual. É o que chamamos de ‘sobra de mesa’. Da composição de 90% a 95% da ração, 60% são grãos, e de 25% a 30% são de origem animal. Estamos aproveitando o que seria inservível e produzindo alimentação balanceada para os animais, evitando doenças e contribuindo com a melhor qualidade de vida das famílias. Esses fatos e números trazem bons ventos para a economia e a população brasileiras.”

França cita pesquisas para argumentar sobre os efeitos benéficos da adoção de cães, gatos, pássaros e até répteis. Melhoria da interação social, do ambiente familiar, da autoestima, e a redução de problemas cardíacos e do stress. Estudos recentes revelaram que famílias com animais de estimação tendem a gastar menos dinheiro com medicamentos.

“Hospitais de ponta hoje admitem que pacientes recebam visitas de seus bichos porque ajudam na recuperação. Diversas pesquisas cientificas avaliaram os bons resultados da adoção de pets em centros de tratamentos para autismo e outras doenças psiquiátricas.”

Exportação de peixes e aves ornamentais

A fauna brasileira naturalmente atraiu a atenção de tutores de outros países para os animais considerados exóticos. O Brasil é hoje o segundo maior exportador mundial de aves e peixes ornamentais. Em 2017 o valor exportado alcançou US$ 3 milhões, mas as projeções da ABINPET indicam aumento para 2018.

“É um potencial que estamos trabalhando com agências de exportação”, avalia José de França. “Dos cães e gatos que exportamos, a maior parte é originária de outros países. Somos fortes mesmo em peixes e aves ornamentais”

Manual Pet Food

A associação presidida por José de França é referência técnica para informações sobre a indústria e o comércio de animais de estimação.

Duas publicações são fontes primárias de consulta. O Painel Pet coleta dados atualizados das empresas.

O Manual Pet Food Brasil, publicado há nove anos, é um guia de boas práticas utilizado pelos principais fabricantes de alimentos. O Manual contém informações sobre os padrões técnicos e de qualidade de matérias-primas, parâmetros nutricionais, metodologias analíticas e condições ideais de produção para garantir alimentos seguros.

A periodicidade é bienal. A versão online está disponível no site da Abinpet.

Por Alceu Nogueira da Gama/Assessoria de Comunicação do Mapa

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