Como na novela, vassoura-de-bruxa é controlada no Pará com práticas agroecológicas

Ações preventivas ajudam a evitar esta e outras pragas que causam prejuízos à lavoura cacaueira

A cacauicultura é atualmente um dos segmentos mais fortes da produção rural paraense. Com um mercado em valorização, investimentos no aumento da produtividade, mas também na prevenção de pragas são constantes. Além da preocupação com os casos de monilíase na Amazônia, o setor se mantém alerta para os cuidados com outra doença: a chamada vassoura-de-bruxa, que é tratada no enredo da novela Renascer.

A trama relembra o impacto da praga que provocou a destruição de plantações inteiras de cacaueiros no interior da Bahia nos anos 1990. A alternativa encontrada pelo protagonista José Inocêncio – interpretado por Humberto Carrão, na primeira fase, e Marcos Palmeira, na seguda – são as práticas agroecológicas. Mas será que essa estratégia tem fundamento?

De acordo com o engenheiro agrônomo e especialista em Fisiologia Vegetal, Júlio Albuquerque, a vassoura-de-bruxa é caracterizada pelo ataque de esporos do fungo Moniliophtera perniciosa à almofada floral das plantas. Essa infecção causa danos à floração e aos frutos e ainda deixa as folhas com aspecto seco semelhante a uma vassoura de palha.

“O melhor método de controle é manter a lavoura sempre bem limpa e com boas práticas de podas de limpeza e controle da vassoura no início do aparecimento da mesma nas almofadas florais.  O uso de podas auxilia na entrada de luminosidade e ventilação entre as plantas, diminuindo a umidade o que ajudará no controle”, explica.

Uma das vantagens é que esse tipo de técnicas de manejo pode ser facilmente adotado por agricultores familiares. Também são práticas que estão dentro do escopo da agroecologia que visa promover sistemas agrícolas de base ecológica com valorização da biodiversidade e a produção de alimentos voltada à segurança alimentar e nutricional.

José Inocêncio (Humberto Carrão) combate a vassoura-de-bruxa com práticas ecológicas no novela da Globo

Por isso, Júlio Albuquerque destaca que as práticas agroecológicas pensadas por José Inocêncio dão uma contribuição efetiva para o combate à vassoura-de-bruxa. Aliás, essa abordagem foi crucial para conter a disseminação de casos da praga no estado do Pará nos anos 2000.

“A vassoura-de-bruxa consegue ser controlada com práticas agroecológicas. Foi assim que nós orientamos os produtores de cacau em Medicilândia, na época de 2007 até 2010, quando então conseguimos acompanhar e auxiliar na certificação de algumas propriedades que receberam o Certificado de Produção Orgânica. Com isso, conseguimos acessar alguns nichos de mercado e obter melhores preços”, afirma o agrônomo que também é supervisor regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater-Pará) na região da Transamazônica e Xingu.

Melhoramento Genético

Outro aliado do combate à doença é o melhoramento genético desenvolvido com a seleção e cruzamento de variedades mais resistentes e produtivas. Nesse campo, o principal avanço foi conquistado com a obtenção de cultivares de cupuaçu 5.0, que também pode ser afetado pela vassoura-de-bruxa. Porém, Júlio Albuquerque acredita que os investimentos em genética vegetal devem ajudar no desenvolvimento futuro de cultivares de cacau.

“No Pará, o controle da vassoura de bruxa é realizado preventivamente com as podas e também aplicação de caldas biológicas, com uso de urina de vacas em lactação, cinzas e outras técnicas”, reforça o supervisor da Emater.

Por: Pará Terra Boa

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